quarta-feira, 27 de abril de 2016

Autoridade



Jeff Vandermeer continua sua história cheia de mistério sobre a famigerada Área X! O foco dessa vez é do lado de fora da zona selvagem: o próprio Comando Sul. Escrito desta vez em terceira pessoa (o primeiro livro é escrito em primeira pessoa, contado pela bióloga), a obra nos apresenta John Rodriguez, conhecido como "Controle", que foi designado para a diretoria do Comando Sul. Apesar da alta hierarquia, ele deve prestar contas a um superior conhecido como "Voz", uma autoridade secreta que exige relatórios diários sobre as descobertas da Área X.



Seus pais eram membros ilustres do Comando Sul, porém isso não facilitou em nada sua entrada no grupo, que é cercada de desconfiança e resistência imediata de alguns empregados, principalmente da vice-diretora Grace. Devo salientar que a relação conturbadas entre os dois é um dos pontos altos do livro.

Lá descobrimos que a psicóloga da 12a expedição era a antiga diretora do Comando Sul, que encarou pessoalmente a missão, mas, como estava desaparecida, foi substituída pelo Controle. Contudo, as outras integrantes - a topógrafa, a antropóloga e a bióloga - foram encontradas com vida e levadas para interrogatório. E assim começa a história, uma investigação minuciosa de um recém-diretor que não faz ideia em que está se metendo.

O segundo livro de Jeff Vandermeer, infelizmente, não tem nem metade do ritmo instigante do primeiro livro "Aniquilação". Seguimos a rotina chata de Controle, com suas indas e vindas do trabalho, discussões entres seus colegas do Comando Sul, entrevistas infrutíferas com as antigas integrantes da décima segunda expedição... E o autor só dá migalhas ao leitor, que saiu com a mente inquieta do primeiro livro. Tudo bem, ele tem um mérito de conseguir manter o clima claustrofóbico dentro das instalações do Comando Sul e nos faz respirar aliviados quando saímos de lá de dentro. E, obviamente, ele não perde o costume de nos lembrar porque seu gênero é o Weird Fiction, mandando muito bem nas cenas bizarras, pegando o leitor de surpresa algumas vezes.

Entretanto não foi o suficiente para considera-lo bom, já que entregou uma obra tão consistente na primeira vez. Enquanto o primeiro eu achei curto demais, esse ficou demasiadamente extenso e cansativo. Mesmo assim encarei as enrolações e devorei o texto rapidamente, pois a sede por respostas estava tamanha. Devo dizer que o final até tem um clímax tenso e bem legal, abrindo o gancho para o fim da saga... Mas isso não ameniza em nada a jornada claudicante até lá.

Fazer o quê? A maldita Área X já me conquistou. Já encomendei "Aceitação" e lerei assim que chegar!